quinta-feira, dezembro 31

Receita de Ano Novo


Para você ganhar belíssimo Ano Novo

cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,

Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido

(mal vivido talvez ou sem sentido)

para você ganhar um ano

não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,

mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;

novo

até no coração das coisas menos percebidas

(a começar pelo seu interior)

novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,

mas com ele se come, se passeia,

se ama, se compreende, se trabalha,

você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,

não precisa expedir nem receber mensagens

(planta recebe mensagens?

passa telegramas?)


Não precisa

fazer lista de boas intenções

para arquivá-las na gaveta.

Não precisa chorar arrependido

pelas besteiras consumidas

nem parvamente acreditar

que por decreto de esperança

a partir de janeiro as coisas mudem

e seja tudo claridade, recompensa,

justiça entre os homens e as nações,

liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,

direitos respeitados, começando

pelo direito augusto de viver.


Para ganhar um Ano Novo

que mereça este nome,

você, meu caro, tem de merecê-lo,

tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,

mas tente, experimente, consciente.

É dentro de você que o Ano Novo

cochila e espera desde sempre.


Carlos Drummond de Andrade

sábado, dezembro 19


Há espera de comentário :)

quinta-feira, outubro 15

Dans tes rêves...


... Elle est amoureuse ... mais si, tu la connais! ...
depuis toujours, dans tes rêves...

sexta-feira, outubro 2


"O essencial é invisível aos olhos..."

sexta-feira, setembro 25

terça-feira, setembro 22

Eu deste monte estou a ver o mar
um mar de gente que não tem um lar
é um sobejo
é um sobejo baixo

Canção tão triste paira sobre as ondas
é o lamento de homens a chorar
é um lamento
é um lamento o mar

Quem vê as ondas
Quem vê as ondas do mar
Não fica em terra
Não fica em terra a olhar...

Hoje lembrei-me da primeira vez que ouvi esta música e da forma como ela me foi tocando desde aí, da forma como me fez sonhar com a utopia...

segunda-feira, agosto 10

domingo, junho 7

O trabalho

As relações do Homem com o seu objecto de trabalho, com o seu produto ou a razão da obra podem ser categorizadas em duas acções:

1ª – a acção aliena-se do sonho;
2ª – a acção é irmã do sonho.

No primeiro caso, não estão presentes os valores da partilha e da solidariedade, mas muitas vezes da repressão e, por isso, é um trabalho do qual a dimensão do sonho está ausente. Ao operário que trabalha na construção do produto só lhe cabe ser a pequena peça que é obrigada a trabalhar numa obra gigantesca que o esmaga e para a qual não encontra sentido.
No segundo caso, poderemos encontrar a partilha e a solidariedade porque existe um sonho idealizado e uma vontade para que se torne realidade.

O sonho e a vontade são os elementos essenciais da condição humana, é o que nos eleva acima das nossas fraquezas e limitações, é o que nos faz aspirar a sermos verdadeiramente livres. No entanto, neste contexto actual de pessimismo económico, de dificuldades reais, será possível encontrar um trabalho/profissão que nos complete, que nos faça crescer e evoluir?

Cada vez mais sinto que de facto “vivemos livres uma prisão” cada dia mais apertadinha!

Cada vez mais me parece uma utopia a conjugação da satisfação profissional e pessoal. Alguém me dizia que a profissão valia pouco, que a vida social e familiar compensariam tudo o que de menos agradável ocorresse durante o período laboral. Não consigo conceber tal situação: anular-me durante 8 horas de trabalho e depois voltar para o sossego do lar e só aí ser feliz. Não aceito uma vida assim. Faria de nós seres cada vez menos bons profissionais, cada vez mais amargos, cada vez menos sonhadores.

Há que lutar para mudar este percurso. Há que encontrar novos caminhos.

sábado, junho 6

Como encontrar o equilíbrio?



Observando esta realidade tão dura questiono o porquê de ser tão egoísta e tão descontente com o que tenho. Quero sempre ir mais além, ultrapassar-me, desafiar-me (há muito que ultrapassei a simples necessidade de sobreviver) e quando a evolução que me propus fica condicionada, fico completamente transtornada e frustrada, sentido que nada tenho, valho ou sou!

Como é difícil reconhecer que já tenho tudo! Como é difícil encontrar o equilíbrio e ser um verdadeiro altruísta!

sexta-feira, junho 5

Dia Mundial do Meio Ambiente



Projecto Home

Um filme de Yann Arthus-Bertrand a ser estreado hoje em todo o Mundo.


Para ver cliquem aqui

domingo, maio 24

O QUINTO IMPÉRIO

Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de asa,
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!


Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura.
Nada na alma lhe diz
Mais que a lição da raiz-
Ter por vida a sepultura.

(...)

Fernando Pessoa, Mensagem


O Nosso, o meu e o teu, Quinto Império quando surgirá na neblina?

domingo, maio 17

E a vida continua...

sábado, abril 18


Acho que todos nós ruímos por dentro(em algum momento...), o desafio está em saber encontrar uma forma de construir/ curar novamente!
Seria bom viver numa constante Pascoa...

sexta-feira, março 20

Um SIM que compromete


Um sim por causa de Cristo compromete. Coloca-nos na impossibilidade de fugirmos de nós próprios e das solidariedades essenciais.

Às vezes este sim sacode. Nunca é cómodo ser-se desinstalado - a condição humana tem fragilidades que não gostam dos abanões.

Este sim conserva-nos alerta. Mantém os olhos abertos. Poderá este sim deixar-nos adormecer ou dormitar? Poderá este sim fugir a Cristo na comunhão do seu Corpo, a Igreja sacudida de todos os lados, e fugir ao mundo trabalhado de provações?

Este sim para toda a vida é fogo. É um desafio. Um fogo que jamais se apaga. Um sim que incendeia uma grande paixão interior. Este sim compromete.
Ele não podia ser de outro modo.


Texto do irmão Roger lido na celebração do retiro
do Grupo de Jovens de São Sebastião.

quarta-feira, fevereiro 11

No caminho com Maiakóvski

Assim como a criança
humildemente afaga
a imagem do herói,
assim me aproximo de ti, Maiakóvski.
Não importa o que me possa acontecer
por andar ombro a ombro
com um poeta soviético.
Lendo teus versos,aprendi a ter coragem.

Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,e não dizemos nada.
Até que um dia,o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

Nos dias que correm
a ninguém é dado
repousar a cabeça
alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz;
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas manhã,diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.

Olho ao redor
e o que vejo
e acabo por repetir
são mentiras.
Mal sabe a criança dizer mãe
e a propaganda lhe destrói a consciência.
A mim, quase me arrastam
pela gola do paletóà porta do templo
e me pedem que aguarde
até que a Democracia
se digne aparecer no balcão.
Mas eu sei,
porque não estou amedrontado
a ponto de cegar, que ela tem uma espada
a lhe espetar as costelas
e o riso que nos mostra
é uma tênue cortina
lançada sobre os arsenais.

Vamos ao campo
e não os vemos ao nosso lado,
no plantio.
Mas ao tempo da colheita
lá estão
e acabam por nos roubar
até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso
defender nossos lares
mas se nos rebelamos contra a opressão
é sobre nós que marcham os soldados.

E por temor eu me calo,
por temor aceito a condiçãode falso democrata
e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade,
procurando, num sorriso,esconder minha dor
diante de meus superiores.
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita - MENTIRA!

Eduardo Alves da Costa

sábado, janeiro 24

Working On a Dream

















Out here the nights are long, the days are lonely
I think of you and I'm working on a dream
I'm working on a dream

Now the cards I've drawn's a rough hand, darling
I straighten the back and I'm working on a dream
I'm working on a dream

Come on!

I'm working on a dream
Though sometimes it feels so far away
I'm working on a dream
And I know it will be mine someday

Rain pourin' down, I swing my hammer
My hands are rough from working on a dream
I'm working on a dream

Let's go!

I'm working on a dream
Though trouble can feel like it's here to stay
I'm working on a dream
Well our love will chase trouble away

Alright!

I'm working on a dream
Though it can feel so far away
I'm working on a dream
Our love will make it real someday

The sun rise up, I climb the ladder
The new day breaks and I'm working on a dream
I'm working on a dream
I'm working on a dream
I'm working on a dream

Hey!

I'm working on a dream
Though it can feel so far away
I'm working on a dream
Our love will make it real someday
I'm working on a dream
Though it can feel so far away
I'm working on a dream
And our love will make it real someday

(Bruce Springsteen)

quinta-feira, janeiro 15

Sonhando com o verde...





Dá mesmo que pensar..

sexta-feira, janeiro 2

E mais um ano começa, e mais uma vez novas promessas (que são as mesmas do ano anterior!) e o desejo que tudo seja diferente …mais amor, felicidade, dinheiro, saúde, enfim uma carrada de coisas que não cabem nas 12 passas a não se que aldrabemos.
Esta foto foi tirada ontem em Vila Real, é uma janela como tantas outras no entanto achei-a acolhedora como se nos disse-se “olha através de mim!”e, sim era acolhedor cheio de luzes com a mesa posta, quem se iria lá sentar??
Não vi mendigos na rua, mas eu sei que eles existem, não vi gente a pedir esmola, mas eu sei que eles existem, será que era lá que eles estavam?
No final do mês toda a gente já terá esquecido a alegria das festas e as promessas feitas, estarão a queixar-se da crise mundial e do aumento dos preços..
Eu por agora prefiro não acordar, manter-me acima do nível de confusão alheia, e continuar a olhar a janela, acreditar que a quem peça pão, agua e um teto e que eu o possa ajudar a realizar com gestos simples de amor e invenção.
Feliz ano novo!!!