quarta-feira, novembro 10

Pedra Filosofal

	

    Eles não sabem que o sonho
    é uma constante da vida
    tão concreta e definida
    como outra coisa qualquer,
    como esta pedra cinzenta
    em que me sento e descanso, 
    como este ribeiro manso
    em serenos sobressaltos,
    como estes pinheiros altos
    que em verde e oiro se agitam,
    como estas aves que gritam
    em bebedeiras de azul.
    
    Eles não sabem que o sonho 
    é vinho, é espuma, é fermento,
    bichinho à lacre e sedento, 
    de focinho pontiagudo,
    que fossa através de tudo
    num perpétuo movimento.
    
    Eles não sabem que o sonho
    é tela, é cor, é pincel,
    base, fuste, capitel,
    arco em ogiva, vitral,
    pinaáculo de catedral,
    contraponto, sinfonia, 
    máscara grega, magia,
    que é retorta de alquimista,
    mapa do mundo distante,
    rosa-dos-ventos, Infante,
    caravela quinhentista,
    que é Cabo da Boa Esperanca,
    ouro, canela, marfim,
    florete de espadachim,
    bastidor, passo de danca,
    Colombina e Arlequim,
    passarola voadora,
    para-raios, locomotiva,
    barco de proa festiva,
    alto-forno, geradora,
    cisão do atomo, radar,
    ultra-som, televisao,
    desembarque em foguetão
    na superficie lunar.
    
    Eles não sabem, nem sonham,
    que o sonho comanda a vida.
    Que sempre que um homem sonha
    o mundo pula e avança
    como bola colorida
    entre as mãos duma criança.



António Gedeão


Vamos TODOS sonhar um Mundo melhor!

2 comentários:

Luís disse...

Gosto mto deste poema! Mas não gostei do teu último comentário. Sonhar um Mundo melhor não!!! Vamos FAZER um Mundo melhor!

Fábio Pereira disse...

Muito bom Luis,mm!